A saúde bucal vai muito além de manter os dentes limpos e o hálito fresco. Um problema aparentemente simples como a gengivite, quando negligenciado, pode desencadear uma condição grave, silenciosa e irreversível: a periodontite. Essa inflamação atinge os tecidos de suporte dos dentes e pode levar à perda dentária — além de estar associada a doenças sistêmicas como diabetes e problemas cardíacos.
A gengivite é o primeiro estágio da inflamação gengival. Felizmente, ela é reversível com cuidados básicos, como higiene bucal adequada e visitas regulares ao dentista. No entanto, quando os sinais são ignorados, a progressão para periodontite é comum. E esse estágio, infelizmente, é mais difícil de controlar, exigindo tratamentos mais complexos e até cirurgias.
Você já percebeu sua gengiva sangrando ao escovar os dentes? Ou sentiu seus dentes mais “moles” do que o normal? Esses podem ser alertas do seu corpo. Entender os sinais que indicam que a gengivite está avançando pode ser a chave para evitar danos permanentes.
Este artigo vai te mostrar de forma clara e objetiva os 3 principais sinais de que sua gengivite pode estar evoluindo para periodontite. São sintomas que muitas vezes passam despercebidos no dia a dia, mas que devem ser levados a sério. Quanto mais cedo você agir, maior a chance de preservar sua saúde bucal.
A seguir, veja quais são esses sinais, como identificá-los em casa e o que fazer imediatamente caso você os reconheça em sua rotina.
1. Sangramento gengival: o primeiro sinal ignorado
Se ao escovar os dentes ou passar o fio dental você percebe um leve sangramento nas gengivas, fique atento. Embora pareça inofensivo, esse é um dos primeiros sinais da gengivite — e também o mais comum a ser ignorado.
O sangramento gengival indica inflamação causada pelo acúmulo de placa bacteriana ao redor dos dentes e da gengiva. Com o tempo, essa placa endurece e forma o tártaro, que agrava ainda mais o quadro inflamatório.
Muitas pessoas pensam que o sangramento ocorre por escovação forte, mas na verdade ele revela uma gengiva fragilizada. Se esse sinal persistir por mais de uma semana, mesmo com higiene adequada, procure um dentista.
Quanto antes o problema for tratado, menores as chances de evolução para periodontite. Caso contrário, o sangramento pode se tornar espontâneo e mais intenso, exigindo intervenções mais sérias.
2. Retração gengival: quando o dente parece “alongar”
Se você começou a notar que seus dentes estão mais compridos do que antes, ou que a raiz está mais exposta, isso pode indicar retração gengival — um sinal claro da progressão da gengivite para a periodontite.
A retração ocorre quando a gengiva começa a se afastar do dente, “encolhendo” e expondo partes que antes estavam protegidas. Além da questão estética, isso causa sensibilidade, dor e facilita o acúmulo de bactérias na região.
Esse processo está associado à perda de tecido de suporte, o que compromete a fixação do dente no osso. A gengiva retraída não volta ao normal sozinha e precisa de acompanhamento odontológico específico.
Entre os tratamentos estão raspagem, alisamento radicular e, em casos mais avançados, cirurgias de enxerto gengival. Ignorar esse sinal pode resultar na mobilidade dentária, o próximo estágio da periodontite.
3. Mobilidade dentária: dente mole é sinal de alerta grave
Você sente que seus dentes estão começando a “amolecer”? Essa é uma das evidências mais preocupantes da periodontite avançada. Isso acontece porque, com a progressão da inflamação, há destruição das fibras que sustentam os dentes no osso alveolar.
A mobilidade dentária não é normal em adultos e pode levar à perda total dos dentes. Quando o suporte ósseo está comprometido, o dente literalmente perde sua base de sustentação. Essa condição pode evoluir de forma silenciosa e rápida.
O tratamento pode envolver desde a limpeza profunda das bolsas periodontais até procedimentos cirúrgicos e reabilitação com próteses. Em estágios mais avançados, o dente pode precisar ser removido.
Por isso, ao primeiro sinal de instabilidade ou amolecimento ao mastigar ou ao tocar o dente com a língua, procure atendimento profissional. É a diferença entre manter ou perder um dente.
Como prevenir a evolução da gengivite?
A boa notícia é que a evolução da gengivite pode ser prevenida e até revertida com atitudes simples no dia a dia:
- Escove os dentes pelo menos duas vezes ao dia com escova macia e creme dental com flúor;
- Use fio dental diariamente, principalmente antes de dormir;
- Evite alimentos açucarados em excesso, pois favorecem a placa bacteriana;
- Visite o dentista a cada seis meses para avaliação e limpeza profissional;
- Em caso de sinais de inflamação, não adie: procure ajuda o quanto antes.
Lembre-se: a gengivite pode ser silenciosa, mas seu corpo sempre dá sinais. Saber reconhecê-los é o primeiro passo para proteger seu sorriso.
Perguntas frequentes
1. Gengivite tem cura?
Sim, quando tratada corretamente e precocemente, a gengivite pode ser totalmente revertida com higiene bucal adequada e acompanhamento profissional.
2. Periodontite pode ser revertida?
A periodontite é uma condição crônica. Embora não tenha cura, ela pode ser controlada com tratamentos específicos e manutenção periódica.
3. Dente mole volta ao normal?
Depende do grau de mobilidade. Em estágios iniciais, com tratamento, é possível recuperar a firmeza. Mas em casos avançados, pode ser necessário extrair o dente.
4. O que causa a retração gengival?
Além da periodontite, escovação agressiva, uso inadequado de fio dental e fatores genéticos também podem causar retração da gengiva.
5. Fio dental machuca a gengiva?
Quando usado de forma errada, pode machucar. Mas usado corretamente, o fio dental é um grande aliado na prevenção da gengivite.
Referências bibliográficas
- BRASIL. Ministério da Saúde.
Manual de Condutas Básicas na Atenção Odontológica no SUS.
Brasília: Ministério da Saúde, 2021.
Disponível em: https://www.gov.br/saude
- NEVES, M. et al.
Doença periodontal: atualização sobre etiologia, diagnóstico e tratamento.
Revista da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, v. 20, n. 2, p. 7-14, 2020.
- PEREIRA, A. L. C.; GONÇALVES, L. S.
Saúde bucal na atenção primária: uma abordagem preventiva das doenças periodontais.
Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 5, e00012320, 2020.
Considerações finais
A saúde bucal é diretamente influenciada pela alimentação. Pequenas mudanças nos hábitos alimentares podem fazer grande diferença na prevenção de doenças dentárias e na manutenção de um sorriso bonito e saudável. Uma dieta equilibrada, aliada a uma boa higiene oral e consultas odontológicas regulares, é a chave para dentes fortes e gengivas saudáveis.
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